HISTÓRIA DA TODAY



Fonte: Pequenas Notáveis 

http://www.motoesporte.com.br/historia%20moto/historia%20honda%20cg.htm

Melhor que
o Fusca


Valente, econômica e robusta, a CG 125 mantém-se a moto nacional de maior sucesso, há 26 anos na liderançaTexto: Fabrício Samahá
Fotos: divulgação





Ela está por toda parte: levando estudantes à escola, profissionais os mais diversos ao trabalho, transportando toda sorte de produtos e documentos nos baús dos mensageiros. Simples, econômica no consumo e na manutenção, muito robusta e -- exatamente por tudo isso -- líder absoluta do mercado desde seu lançamento, corresponde no mundo das motocicletas às virtudes que consagraram o Fusca entre os automóveis. É a CG 125, verdadeira clássica da Honda brasileira que parece eterna.

A história da CG confunde-se com a própria história da Honda no Brasil. A marca da asa dourada, presente em nossas terras desde 1968, inaugurava em 26 de outubro de 1971 a Honda Motor do Brasil Ltda., empresa responsável pela importação e distribuição das motos japonesas. Três anos depois era adquirido um terreno de 1,7 milhão de metros quadrados em Sumaré, SP -- o mesmo que, em 1997, passaria a produzir o Civic -- para a fabricação de motocicletas.


A primeira Honda nacional introduziu o motor a quatro tempos em nossas motos e logo conquistou um grande número de admiradores

 
Com o fechamento das importações, em 1976, começava a produção da moto nacional. Não no interior paulista, mas na Zona Franca de Manaus, AM, onde a legislação permitia importar componentes sem pagamento de impostos. Tendo o "rei" Pelé como garoto-propaganda, nascia em novembro daquele ano a CG 125, uma moto urbana de mecânica simples. Não era a primeira moto nacional, mas estava perto disso: a Yamaha fabricava há dois anos apenas a RD 50, a "cinquentinha", quase um ciclomotor.

O motor de um cilindro a quatro tempos, comando de válvulas no bloco e refrigeração a ar desenvolvia 11 cv de potência a 9.000 rpm e levava a CG a pouco mais de 100 km/h. O câmbio de quatro marchas tinha os engates todos "para baixo", os freios eram a tambor e as suspensões básicas.
 
O "rei" Pelé foi escolhido como garoto-propaganda, em uma época em que as motos eram associadas apenas aos jovens

Seu estilo agradava, com formas arredondadas e alguns elementos cromados, ao gosto da época. Não havia nela o requinte e a ostentação das grandes importadas -- como a lendária CB 750 -- que faziam a reputação da Honda em nossas ruas, mas era uma moto plenamente adequada àqueles tempos de gasolina cara e, imagine-se, trânsito já caótico nos grandes centros.
De início não havia concorrentes: a Yamaha passaria à categoria de 125 cm3 apenas em 1978, com o modelo RX. Talvez pela vantagem de sair à frente, talvez pela robustez e economia do motor quatro-tempos ou por uma imagem mais sólida no mercado, o fato é que a CG 125 assumiu a liderança nas vendas para nunca mais a perder.

Em meio às crises econômica e do petróleo, o anúncio questionava: "Homem sério, pai de família, bem de vida. Que diabo ele está fazendo numa Honda 125?" A resposta: "Economia"

Em 1977 a marca fundada em 1947 por Soichiro Honda já respondia por 79% do mercado de duas rodas. Nesse ano a CG começava a dar frutos: primeiro a versão de luxo 125 ML, depois a esportiva Turuna. Em 1979 era adotada a suspensão dianteira tipo Ceriani, em que as molas são internas aos amortecedores, em vez de externas com cobertura de metal.

Nessa época uma concessionária, a Moto Jumbo, passava a transformá-la em um modelo fora-de-estrada, a FS 125, para competir com a Yamaha TT. Ganhava suspensão mais elevada, pneus de uso misto e reforços nos componentes mais sujeitos a impactos. Essas adaptações (embora a TT saísse assim de fábrica) abriram caminho e despertaram a demanda pelas uso-misto nacionais, aXL 250 R e a DT 180, lançadas pouco depois.


A fábrica nos anos 70: instalada na Zona Franca de Manaus, AM, em 1977 já dominava 79% do mercado

A primeira a álcool Com o segundo choque do petróleo, em 1979, substituir a gasolina por um combustível nacional e renovável -- o álcool -- passou a ser prioridade brasileira. Isso incluía as motocicletas: em fevereiro de 1981 a Honda produzia a primeira moto do mundo com motor a álcool. Uma CG 125, claro.

O motor tinha taxa de compressão mais alta, passando de 9:1 para 10:1, e um sistema de alimentação (com bomba manual) de gasolina na partida a frio, com reservatório sob o banco. Potência e torque permaneciam os mesmos da versão a gasolina, assim como o preço da moto, mas o consumo era cerca de 18% maior, o que o menor custo do litro de combustível compensava facilmente. E o câmbio tinha cinco marchas, o que ocorreria com a versão a gasolina só em 1986.

Em 1982 o príncipe herdeiro do Japão, Hironomiya Naruhito, observava a CG 125 a álcool, a primeira moto no mundo movida ao combustível vegetal

Não se sabe bem por quê, essa tentativa (assim como a da Yamaha, meses mais tarde, com a RX 125) não teve êxito, talvez pelas respostas lentas e imprecisas do motor na fase de aquecimento. Como se sabe, agilidade ao acelerador é crucial em uma moto, provável razão para que os carburadores tenham sido mantidos nelas por tanto tempo, mesmo em modelos de alto preço, e para que as motos com turbocompressor tenham fracassado.
Na linha 1983 a CG recebia sua primeira reformulação de estilo. A não ser pelo farol, ainda circular (o retangular viria só no modelo 1986), as formas retilíneas vinham para ficar, abrangendo tanque, laterais, lanterna traseira, luzes de direção e até o módulo de instrumentos -- que perdia o conta-giros, porém, uma falta até hoje lamentada.
As linhas retas tomavam conta da CG em 1983, dando-lhe ar bem mais moderno. O farol, porém, só passaria a ser retangular em 1986, modelo da foto
Garfo mais inclinado, balança traseira mais longa (somando 70 mm de aumento na distância entre eixos), guidão mais alto e pneus maiores conferiam ao piloto a impressão de estar em uma moto maior, assim como o tanque de 12 litros. Outras novidades eram sistema elétrico de 12 volts, farol mais potente, banco removível para acesso às ferramentas, novos comandos no guidão e um freio dianteiro maior (de 110 para 130 mm) e aletado, para melhor dissipação de calor. O carburador recebia injetor de combustível, o sistema Ecco.Em 1985 a Yamaha renovava sua oferta na categoria, lançando a RD 125, mas a hegemonia da CG não se abalava. O câmbio de cinco marchas era adotado para 1986, facilitando o aproveitamento da potência do motor e também os engates: em vez das quatro marchas engatadas "para baixo", apenas a primeira ficava nessa posição, sendo as demais selecionadas "para cima", como na quase totalidade das motocicletas. Para quem não pilotava apenas a CG, era uma boa novidade, já que comandos fora do padrão podem ser um risco à segurança.

A economia de combustível nunca deixou de merecer destaque na publicidade: a do modelo 1988 falava em "poupança acelerada em duas rodas"


 

Em meados de 1989 o "Fusca de duas rodas" recebia modificações, adotando a designação CG Today (hoje, em inglês). O estilo era o mesmo, a não ser pelas laterais e rabeta, redesenhadas e mais esportivas. A balança traseira estava 35 mm mais longa, para maior estabilidade, o farol ganhava lâmpada halógena e a suspensão posterior oferecia regulagem em cinco posições.

A Today surgiu, na verdade, para contornar o congelamento de preços imposto pelo governo Sarney. As motos de até 150 cm3 tinham os valores controlados pelo CIP, Conselho Interministerial de Preços, levando a uma queda expressiva da margem de lucro -- à época a Honda chegou a alegar prejuízo em cada 125 vendida. O lançamento da Today a preço bem maior, seguido do encerramento da CG convencional, era do que a marca precisava para driblar o CIP e recuperar a lucratividade.


Pronta para o trabalho, a CG Cargo vinha de fábrica com amplo bagageiro, suspensão traseira reforçada e maior entreeixos. Existe até hoje, mas é rejeitada por muitos potenciais compradores

Ao lado dessa versão estava a CG Cargo, moto de trabalho lançada no ano anterior. A proposta era vir de fábrica já adaptada ao uso profissional, com banco de um só lugar, grande bagageiro, quadro e roda traseira reforçados, suspensão posterior com regulagem e balança 80 mm mais longa, que aumentava a distância entre eixos de 1,27 para 1,35 metro. No entanto, boa parte do público-alvo preferiria sempre a CG básica, por uma razão curiosa: evitar, no momento da revenda, a depreciação inerente a um veículo de trabalho.
 
 

 
O velho motor, renovado Embora na 125 ML, na Turuna e em suas sucessoras (CBX 150 Aero e CBX 200 Strada) a Honda tenha optado pelo motor com comando de válvulas no cabeçote (OHC), que traz melhor rendimento em alta rotação, o da CG sempre permaneceu fiel à durabilidade do comando no bloco (OHV). Mas, após 15 anos de sucesso, a Honda decidiu que deveria aprimorá-lo.

O modelo 1992 da Today trazia um motor revisto, com pistão de perfil mais baixo, biela mais longa (para melhor
relação r/l) e válvulas maiores, entre outras alterações. A mais esperada novidade era a ignição eletrônica por descarga capacitiva, CDI, em substituição aos velhos platinado e condensador, que então se extinguiam das motos nacionais. Com isso, a manutenção estava mais simples e não havia mais perda de rendimento por causa do desgaste desses componentes.


 
Em 1992 a Today ganhava um motor mais potente e silencioso, mantendo o comando de válvulas no bloco. O painel, porém, permanecia sem conta-giros, que até hoje não foi reposto
Em função das mudanças, a potência subia de 11 para 12,5 cv e o torque de 0,94 para 1,0 m.kgf, aos mesmos regimes, enquanto o nível de ruído e vibração se reduzia. A nova CG, que também ganhava pneu dianteiro mais macio, manoplas de borracha e pedaleiras perfuradas, para maior conforto de rodagem, passava a atingir 115 km/h de máxima e a acelerar de 0 a 100 em 17 s, desempenho adequado a sua proposta.

De alma renovada, faltava uma plástica para deixar o corpo em nova forma, depois de uma década sem alterações profundas. Pois ela vinha em 1994 com a CG Titan, sucessora da Today, que trazia de volta as linhas arredondadas no tanque (agora maior, 13 litros), laterais e rabeta, mas não ainda no farol. Vista em detalhe, exibia painel de fundo branco, alças laterais para apoio do passageiro e embreagem mais leve. Um escapamento mais silencioso vinha no ano seguinte.


Em 1994, uma ampla reforma de estilo: com a CG Titan, voltavam as linhas arredondadas, o tanque estava maior e o painel tinha fundo branco

A CG estava mais jovem e atraente, aos quase 20 anos, mas não havia atendido a antigas reivindicações de seus fiéis compradores, como freio dianteiro a disco e conta-giros. A primeira delas era aceita somente em 2000, quando a Titan vinha em duas versões: KS (kick starter, partida a pedal) e ES (electric starter), esta dotada de partida elétrica, pedaleira do passageiro fixada ao chassi (evitando que suas pernas tenham de acompanhar as oscilações da roda) e o esperado freio a disco.
Junto dessas opções estava o novo estilo, bem mais elegante. O farol, redondo novamente, trazia moderno refletor de superfície complexa e lente de policarbonato; a lanterna traseira era a mesma da NX4 Falcon. O guidão estava 29,5 mm mais alto e havia no painel um indicador de nível de combustível, mas -- incompreensível -- ainda não o conta-giros. A bateria selada dispensava verificação de nível do eletrólito.

Na Titan 2000, nova alteração estética a deixava realmente elegante. Havia opção da versão ES, com partida elétrica e o tão esperado freio dianteiro a disco
Havia ainda um aprimoramento muito bem-vindo quando o pneu traseiro furava: o sistema tuff-up, desenvolvido pela Honda, um líquido especial selado à câmara de ar que, no caso de uma perfuração, deslocava-se rapidamente ao ponto danificado, retardando a perda de pressão. No ano seguinte a CG atingia o marco de dois milhões de unidades produzidas, inédito para uma moto nacional e raro mesmo entre os automóveis.

Já se passaram quase 27 anos, mas a CG 125 -- ao contrário de seu equivalente em quatro rodas, o Fusca, que foi descontinuado pela primeira vez com essa idade, em 1986 -- não parece nada próxima à aposentadoria. Pelo contrário: continua líder do mercado, recebendo melhorias de tempos em tempos e, claro, um novo grafismo a cada ano. O bastante para que uma multidão de "cegezeiros", de todas as idades e classes sociais, garanta seu sucesso por mais um longo tempo.

 


Uma traseira mais atraente, entreeixos mais longo e... estava pronta a CG Today, com que a Honda contornava o controle de preços das motos pequenas pelo governo






































 

12 comentários:

  1. Tenho vários folhetos e peças originais destes modelos.
    Quem quiser me consultar,meu e-mail é:(rubensmotopecas@gmail.com)
    Grato!

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  2. Comprei uma today 1989 e gosto muito é mesmo um fusca de duas rodas, parabens pela página...

    Douglas Daniel - Londrina Pr.

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  3. muito bom esse histórico

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  4. Olá amigos alguma today saiu de fabrica com a alça onde o passageiro segura cromada? Ou só preta?

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  5. Sou fan fa today jamais farão um moto igual..

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  6. Desejaria por favor se a Today 92 é uma boa moto de comércio!?
    Estou quase fazendo negócio! Azul pintura totalmente original de Fabrica! O escapamento não!

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  7. Qual último ano da fabricação da today

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  8. 8 dias hj q o marido de minha prima perdeu a moto 1994 por guarda rodoviário federal 11 anos atrasada aí ele mim pergunto. Se eu quisesse tirar pra mim do pátio do Detran eu podia ,tirei quinta feira dia 02 eu fui lá e retirei gastei 3.000 mais não mim arrependi era meu sonho uma dessa a moto q eu aprendi há andar há um 18 anos atrás,e já foi dóis cara querendo comprar lá em csa vou arrumar ela do meu gosto

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